
Reza a lenda de que, há não muito tempo atrás, existia um corajoso marinheiro...
pelo menos, era o que diziam... ou o que foi espalhado como boato.
Havia abandonado família, segurança, conforto e muito dinheiro em sua terra
e partido em direção a uma nova, bela e incrivelmente ingênua aventura...
o problema era apenas...
que ele poderia ser eu.
Ou, quem sabe... você.
Brumas tardias,
deserto relento
Esconde o alento
de amor meu...
meu.
Um dia ele já quis morrer.
Um dia ele já quis amar.
Um dia ele já quis sonhar e ir embora... como os peixes no mar vão, sem nem olhar pra trás.
Mas ele queria por quê queria achar companhia...
o "prometido navio".
Navio antes longíquo,
se tornara agora tangível,
desse algo possível
que lhe trazia o olhar...
E, por fim, após vários dias, o viu!
Não era ilusão!
Lá estava ele, imponente,
servente da beleza,
de braços abertos...
Assim o tomou como seu.
Cuidou, lavou, enfeitou...
mas por dentro...
algo estava terrivelmente errado!
E de tão errado deixou-o encucado,
pensando que a loucura o havia acertado.
Mal sabias tu, marinheiro, o que te esperava...
O mar em não tão terrível sinfonia,
lançou ondas que os retiraram de sua monotonia...
intensa.
O navio se partiu, não de vez, mas aos pedaços...
e o marinheiro quis acreditar que ele não se partia por quê queria...
mas ele percebeu que era mentira...
O navio, por si só, deixou-se levar pelo vento, pela água não tão má,
pelo frio que o acolhia...
mas o marinheiro não podia, simplesmente não podia...
mesmo esgotado, não podia deixar-se quebrar em pedaços!
Tentou colá-los, tentou rearmá-los...
tentou fazer deles o que não eram...
e com isso, pôs na cola ódio, rancor... raiva.
Percebeu então que era o mais bobo de todos os bobos...
Percebeu então que o navio fôra mais uma armadilha do destino...
percebeu então que deveria partir.
Pegou então seu bote,
seu remo e após beijar o chão,
foi-se...
De longe, a bruma cobriu seu antigo companheiro...
e a névoa sorriu para ele, apenas lhe dizendo...
que assim era a vida.
E, triste e conformado, ele olhou...
enquanto o navio afundava...
e não importava mais talvez de quem era a culpa...
mas seus resultados...
afinal, era o FIM.
Apenas o fim de tudo.
"Eu não podia fazer mais nada..." foi o que pensou... E, estivesse certo ou errado,
só o tempo lhe diria...
E tudo que ele queria era não pensar mais nisso!