sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Os olhares da escuridão comedida.

Quem são vocês que me fecundam
com estes olhares absurdos de comedimento?
Hãn?!
Vocês,
anões sedentos de sede
de infelicidade alheia,
juntos na escuridão
de todo o sujo sentimento humano!
Sorriem , desgraçadas criaturas,
derradeiras quermesses
do que o inferno já foi.
Mas aqui não é inferno, ainda
é Terra,
por mais que não pareça.
É Terra
de ofertas,
pesares,
sonhar,
olhares,
coloridos
de mel...
Desejos
ungidos de raiva,
Tangidos
por escarpas
de serenatas vazias,
de alguma desilusão
por aí perdida...
Portanto...
quem são vós?
Vozes do além deserto
e do sincero afeto
com que nos recebe a dor!
Dor, companheira ingrata
que alimenta a farsa
do que é amar...
Dor, companheira amarga
sobremesa exata
de quem quer compaixão...
e perdão?


Loucura, loucura...
será melhor solidão!

E morrer só?
Não, não, não!

Se calem todos
e se recolham
em seus ninhos
desastrosos,
desatentos,
de sentimentos,
intricados em infâmia
de servidão!
Rasguem folhas
de lírios,
negros lírios,
erguidos
como recompensa,
como espinhos...
Espinhos... como os que rodearam Deus em sua
lenta morte...

Sois nada, nada!
Fornalha de desgraça
Desgarrem-se de mim!
Livre... sozinha,
alço vôo,
germino
leve...
Montanhas
sorridentes,
de afeição
complacente;
eu quero pois é ser feliz!


Olhem a borboleta
Renasce
Em casulo.
Outra. És outra, amiga.
E assim quero seu eu...
assim quero ser...
melhor, maior,
abraçando a liberdade como uma nota só,
No livre arbítrio de poder escolher
a cor que eu quiser!

Sorriam, sorriam!
Não me fazem infelizes!
Não, não...
Pior é a indiferença...
sim, sim!
E a tenra e morta crença
do que antes chamavam inocência...
Dormência de escalas...
"descromáticas",
insípidas,
como a vida de tantos...
Menos a minha, menos a minha!
Repito, febrilmente, sem lógica em mente...
para quê lógica se somos todos dementes?

De- men- tes.
De- men- tes.
Me mostre mentes!
Me mostrem mentes!
Quero todas as mentes
em um banquete imenso!
Todas frementes,
do pecado ardente
que é desejar...
e amar...
sem medo.
Jogar,
impulso nos pés, mãos,
cabeça, coração...
Sou apenas impulso...
mas o que me dá vida é o amor..?
É?

Não, não, não!
Sou somente eu vida!
Viúva de sentimentos...
haverá?
Meu véu me cobre até os pés
mas deixa descoberto
meu ódio e rancor.
Vara, vara de pesca,
pesca peixes antes vivos
apenas mortos.
Ao menos não sentem...
pelo menos, não como nós...
não como a suposta "gente".

Videntes
do supersticioso destino,
do estranho fascínio
arisco do que virá!

Venha, destino!
Venha, futuro!
E me abraçe sem medo!
Por quê com o medo,
só metade sentirá... só metade virá...
nada aprenderei.

E tudo que eu quero é...
Juro. Tudo-tudo-tudo
que-eu-quero-é...
aprender.


Mas não sendo iguais aos outros.
Não, não, jamais.
Jamais verás outros olhos
como os meus...
Jamais verás outra mente
tão conturbada como a minha...
Jamais me irás entender...
Jamais...
mas tentarás, sim?
Tenho-que-acreditar-que-sim
senão-...

enlouquecerei?


Nunca-pois-sou-dona-de-mim-mesma.
Me faço forte.
Me faço fraca.
Mas cresço.
Cresço como árvore!
Não vês?
Grande, imponente...
mas frágil por dentro.
Não me cortes com tuas palavras...
não me cortes!

Te faço pequeno,
te faço menor.
Te faço do meu ódio
o pior...
Te faço três vezes a morte
de desvairo psicológico,
Mas ainda te faço meu...

Mas, ao final de tudo...
nem eu sei quem sou...
nem tu sabes quem és...
então apenas esquece...
Esquece tudo que te falei!
E viva, vivaa...
mas longe de mim...


apenas e simplesmente...
longe de mim.

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