domingo, 28 de agosto de 2011

Love will never tear us apart


Às vezes, cansada de lutar consigo mesma diversas e repetidas vezes, menina se senta, exausta, na frente do computador e deita sua cabeça, olhando para seu próprio braço e parede branca a sua frente.


Impaciência, amor, estranho, raiva, luta, arder, dor, saber, pensar, demais, sonhar, conquistar, decepcionante, felicidade, amiga, alheia, sorte, viver, respirar, teatro, pensar, arte...amar?


E essa música estranha e melancólica que ressoa em sua mente... Joy Divison traz mesmo uma agonia aparente... latente. Como um robô. Poderia apenas parar e olhar para o nada. Poderia também gritar para o nada. Mas e se este lhe respondesse? Não seria então dez vezes mais assustador?


Mas então! Foi aí que entendeu!
Que a saudade não estava no amar... e sim no cantar, deixar fluir...
sua música, arte através de si!
É disso e de tudo que isto envolve do que mais precisa!



Love, love will tear us apart... again
Love, love will tear us apart...



not again.





sábado, 27 de agosto de 2011

Entre o lá da ilusão e o cá.

É como se tudo na vida tivesse ritmo próprio.
Tudo fosse música.
Pessoas se tornando melodias.
E eu à toa, à toa... apenas absorvendo o que a vida tem a cantar.

- Você entende que existe esse meio caminho entre a mágica do ser e a mágica do perder?
- Entendo...
- Então porque você está cada vez mais perto de lá... me puxando para longe de você?
- Puxando para longe? Como assim?
- Sim, como uma armadilha... me desencantando cada vez mais...
- O que faz eu te desencantar?
- Isso eu não posso te dizer, você tem que saber...mas acredito já ter te dito antes... você é que não quis escutar.
- Escutar, escutar! Porque ainda insistes nisso? Palavras só servem para serem faladas nas horas boas, nas mentiras aveludadas, não na verdade...não na verdade.
- Será?


A linha é cortada nesta hora. Ambos caem, um para cada lado.
Ela grita. Ele ouve.

Ela - Teu beijo agora nada mais será do que um beijo! Terá gosto de saliva apenas! Nada, nada mais será.
Ele - Vai ver era o que eu queria desde o começo. Não entendes? Não existe mágica... a não ser em tua própria mente!

Dois pólos que se afastam. Cada vez mais são apenas rostos na escuridão...penumbra.
Até que nenhuma palavra se ouve. Um silêncio abafado, apenas pelos ecos do que costumavam ouvir. E aquela tenra e ainda nítida sensação de que esses ecos jamais serão realmente abafados... enquanto beijos existirem e palavras se perderem no meio do caminho entre a mágica e o desencantamento total do amor.


Entre eu e a Febre.








Eu e a Febre entramos num papo claro e reto.




EU- A questão é que... eu tenho direito de querer sair toda hora, todos os dias, rever todos os meus amigos... enfim, aproveitar bem meus últimos dias em Recife.

FEBRE - Sim, mas também há o outro lado da questão, que é... você não pode ser mil Adrianas ao mesmo tempo, apesar de aparentemente, de tão inquieta, ter energia suficiente para isso.


EU - Mas, mas... eu ainda insisto em ser! Quer dizer... não quero ficar parada, em casa, vendo os minutos passarem antes de eu partir...


A partir daí a Febre engrossa.


FEBRE - Olha, amiguinha, tentei falar mansinho... só para você não dizer que sou má, mas você é teimosa, pessoa difícil de se lidar, então... vai ser da minha maneira!

A pobre Adriana ainda tenta resistir, andar alguns passos, sair para caminhar, beber uma água, rever amigos... mas a Febre, quente, quente, lhe segura pelos braços e lhe queima todo o corpo, lhe trazendo uma terrível dor de cabeça e uma fraqueza terrível. Adriana desfalece na cama, onde dorme e dorme...


... e todos os dias parecem passar lentamente, como em câmera lenta, apenas na espera de que os remédios que está tomando lhe tirem desse torpor tedioso.



















domingo, 21 de agosto de 2011

A menina e o rosto estranho na janela



Às vezes é como se esse algo surreal me espreitasse pela janela.
Esse algo... esse rosto estranho, azul, deformado... mas ao mesmo tempo tão cheio de cores agora aguadas. E tenho medo de encará-lo porque me parece irreal verdadeiramente, apesar de tantas vezes em minha imaginação fértil eu transformar tantos e tantos momentos relativamente comuns em histórias tão fantásticas!
E porque me encara? Hein, rosto?! O que te fiz? Ou o que te pedi para fazer? E porque se escondes aí? Poderias estar andando... levar um Sol... sentir um sopro de vida... vai ver que este está se esvaindo em mim... mas não porque desisto, e sim porque não desisto de acreditar e... ser inquieta.

Mas ainda existe esse algo. E o que é? O que é que não consigo entender no quebra- cabeça da vida? E porque é tão difícil olhar para trás?


Esse rosto me persegue e me olha, triste... pedindo entendimento, compreensão... pedindo em palavras ininteligíveis e murmúrios rasgados coisas que estão além do meu alcance. Será? Mas o que está realmente fora do meu alcance? Coisas que valem tanto ou coisas que na verdade não servirão para mim?

Uma vez o passado riu-se do futuro, julgando-se superior. Uma vez o futuro quis brigar com o passado, querendo estabelecer sua superioridade moderna e única. E uma vez o presente riu-se dos dois, porque no final das contas todos se fundiam em um só. No momento em que escrevo já é tudo passado; imagine só quantas inspirações e expirações não fizemos agora mesmo e que já estão no passado?

A verdade é que mesmo sem ninguém se entender, todo mundo se entende, não é?
Cada coisa em seu lugar.
Cada pessoa em seu lugar.
Mas e quando algo te desestrutura?
O armário de bonecos cai.
E o que se faz? Me diz! O que se faz?
É meio difícil resistir a tentação de olhar para trás...








domingo, 14 de agosto de 2011

Com ou sem chocolate.




Teus olhos dançam sobre a luz que se apaga.
Mas não, não apaga.
Ela só fica mais forte... a luz.
Essa luz... dentro de mim.

Eu vi o Sol iluminando as plantas.
Vi os insetos fazendo serenata junto aos pássaros.
Vi a sombra se sobrepôr ao telhado da casa amarela, aqui do lado.
E o céu cinza... trazendo essa luz opaca que bate debilmente à minha janela.
E mesmo assim nem eram os teus olhos.
E mesmo assim nem precisavam ser teus olhos.
Só precisava ser... eu, aqui, observando o mundo continuar.


Por que na verdade... não se precisa de ninguém.
Se engole a areia, se alimenta da comida, se bebe a água e se continua em frente.
Por que cada dia é renovação, crescimento. Então vai ver que o que sempre precisamos,
independentemente de tudo, é um dia após o outro. E pode ser com chocolate ou sem chocolate.
Pode ser com música ou sem música. Mas basta extrair dele algo de novo, algo de bom, e você sente que as horas não passaram correndo à toa.
E gosto disso.

E vai ver que só esteja vendo isso agora por que só agora se abriram as janelas de minha mente.
Bem-vinda, nova fase... e bem vinda, nova futura terra esta que será Portugal.

Eu por mim mesma.
A arte por si junto a mim.
Ações e reações juntas... e simplesmente porque... sou realmente apaixonada por isto.






terça-feira, 9 de agosto de 2011

A menininha compartilhadora de sorrisos puros.

You and me are floating on a tidal wave
together
You and me are drifting into outer space and singing
Ooh ooh ooh
You and me are floating on a tidal wave
together
You and me are drifting into outer space
You and me are floating on a tidal wave
together
You and me are drifting into outer space and singing
Ooh ooh ooh(Coldplay- X and Y)

Eita doce melancolia essa que incendeia minha alma...
E esse ar úmido que me traz a chuva...
pela janela dessa sala apertada do teatrinho...
que amo.
E essa luz, essa luz que vem...
e esse som do Sport ecoando em peso através da boca de milhares de pessoas em
um estádio nada longe daqui.
Poderíamos todos sermos felizes apenas ouvindo.
Apenas vendo.
Apenas entendendo que a vida é,acima de tudo, saber olhar.
Olhar para as coisas certas.
Olhar para as pessoas certas.
E encontrar aqueles momentos, únicos, onde se pode rir e dizer que se sabe o que é viver e respirar. Se sabe porque se sabe amar. Se sabe porque se sabe respeitar.


E se eu te sorrisse de volta?
Você saberia sorrir para mim?



Estava eu esperando para fazer um exame.
Estava uma menininha esperando com seus pais para fazer algum exame.
A menininha pulou, sorrindo, rodopiou. De repente, parou.
E sorriu para a outra menininha perto dela. Viraram amigas.
Pulando iguais, dançando iguais. Sorri. Seus pais sorriam.
Uma funcionária do lugar sorriu.
Sua amiguinha teve de ir, ficou meio triste. Apenas por alguns minutos.
Seus olhos encontraram os meus. Sorrimos juntas.
Me vi nela.
E vai ver que um dia ela se verá em mim.




Temos todas as razões para achar um dia triste.
Se engordamos? O mundo acabou.
Se o trânsito está terrível, o stress começou.
Mas deve haver algo mais que isso, não deve?
Quando paramos de saber brincar?
Brincar por brincar, para fazer o outro rir,
e não contar vantagem.
Brincar apenas compartilhando sorrisos puros.
Vai ver aquela menininha é mesmo mais sabida que eu...
e do que todos nós.






sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Realidade remontada através de caixas.

Ei, psiu! Aí!
Se arranja, monta tudo, arranja tudo.
Levanta as caixas, leva embora.
Não interessa, só não deixa passar da hora!

E tão cedo aprendi, como tantas outras mil pessoas.
Que a vida passa, mas a dor perdura.

-Você precisa de ajuda?
- Para quê?
- Para remontar as caixas...
em outro lugar.
- Sim, mais do que preciso, mesmo que no caminho você ainda tenha a audácia de derrubá-las.

E se vão.
E no caminho, tudo está bem no início.
No meio, sem querer uma cai... e fica.
Depois, mais para frente, duas caem.
Ninguém mais sabe quem derrubou.
E importa?
Ao final, sobraram poquíssimas...

Tão poucas que parece ser inútil remontá-las nesse outro lugar,
mas ela insiste.
- Tá, valeu, brigada. Pode deixar que daqui eu me viro.
- Hum...tá. De nada.

E durante montagens e remontagens, são inúmeras as pessoas que aparecem oferecendo doce amizade...
Engraçado por que com o tempo todas elas vão virando apenas manchas, que corróem as caixas... e quase queimam sua pele... quase a torna vazia...
empty?

Talvez antes fosse.



Suar frio
de olhar vidrado
te vi mesmo
de cabeça pra baixo
quebra cabeça
tão bem remontado...

quebra-cabeça...
apenas sonho desvairado.

Uma realidade remontada
através de caixas.
Uma realidade remontada...
mas que jamais poderá ser descolada.

Acorda... acorda, menina.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A sentença final.

Foi num tribunal.
Foi em um tribunal que nos reencontramos.
Eu... e eu.


Sentada no banco do réu, juízes me espiavam.
Era Deus ali? Parecia ser, parecia ser!
Mas do lado dele... pessoas.
E uma pessoa com o rosto coberto de sombras...
quem era você, rosto estranho?

Haviam ao redor tantas lembranças...
uma delas desceu e me deu uma borracha.
E com quanto zelo tentei apagá-las!
Tanto, tantas... tentei.
Mas as amarras pareceram se tornar mais fortes.
E nem me importava mais...
vai ver que esse julgamento jamais acabaria,
equanto aquele rosto existisse ali, dentre eles...
o meu próprio.


SENTENÇA FINAL: Aprender a fazer qualquer besteira sem jamais se arrepender.


CONDENAÇÃO: Você tem o resto de sua vida para viver sua própria prisão.
Ou para, quem sabe, se livrar dela.



So...deal with that, girl!