sábado, 29 de janeiro de 2011

O navio que naufragou.


Reza a lenda de que, há não muito tempo atrás, existia um corajoso marinheiro...

pelo menos, era o que diziam... ou o que foi espalhado como boato.

Havia abandonado família, segurança, conforto e muito dinheiro em sua terra

e partido em direção a uma nova, bela e incrivelmente ingênua aventura...

o problema era apenas...




que ele poderia ser eu.

Ou, quem sabe... você.







Brumas tardias,

deserto relento

Esconde o alento

de amor meu...

meu.



Um dia ele já quis morrer.

Um dia ele já quis amar.

Um dia ele já quis sonhar e ir embora... como os peixes no mar vão, sem nem olhar pra trás.

Mas ele queria por quê queria achar companhia...

o "prometido navio".

Navio antes longíquo,

se tornara agora tangível,

desse algo possível

que lhe trazia o olhar...



E, por fim, após vários dias, o viu!

Não era ilusão!

Lá estava ele, imponente,

servente da beleza,

de braços abertos...


Assim o tomou como seu.

Cuidou, lavou, enfeitou...

mas por dentro...

algo estava terrivelmente errado!

E de tão errado deixou-o encucado,

pensando que a loucura o havia acertado.


Mal sabias tu, marinheiro, o que te esperava...



O mar em não tão terrível sinfonia,

lançou ondas que os retiraram de sua monotonia...

intensa.

O navio se partiu, não de vez, mas aos pedaços...

e o marinheiro quis acreditar que ele não se partia por quê queria...

mas ele percebeu que era mentira...


O navio, por si só, deixou-se levar pelo vento, pela água não tão má,

pelo frio que o acolhia...

mas o marinheiro não podia, simplesmente não podia...

mesmo esgotado, não podia deixar-se quebrar em pedaços!



Tentou colá-los, tentou rearmá-los...

tentou fazer deles o que não eram...

e com isso, pôs na cola ódio, rancor... raiva.


Percebeu então que era o mais bobo de todos os bobos...

Percebeu então que o navio fôra mais uma armadilha do destino...

percebeu então que deveria partir.


Pegou então seu bote,

seu remo e após beijar o chão,

foi-se...

De longe, a bruma cobriu seu antigo companheiro...

e a névoa sorriu para ele, apenas lhe dizendo...

que assim era a vida.


E, triste e conformado, ele olhou...

enquanto o navio afundava...

e não importava mais talvez de quem era a culpa...

mas seus resultados...


afinal, era o FIM.

Apenas o fim de tudo.


"Eu não podia fazer mais nada..." foi o que pensou... E, estivesse certo ou errado,

só o tempo lhe diria...

E tudo que ele queria era não pensar mais nisso!










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