Era uma vez uma menininha... O nome dela era Alice. Alice vivia em um mundo tão diferente dela que gostaria de encontrar o país das maravilhas, só que não sabia como chegar nele, visto que o coelhinho havia sumido de sua vista antes mesmo dela entender que o havia visto...
Sonhadora, gostava de imaginar que haviam fadas em seu jardim, mesmo sendo apenas gotas de orvalho... E, por mais que seus pais lhe dissessem para tomar juízo e pôr os pés no chão, ela persistia ainda em dar pequenos vôos, se preparando para um dia voar livremente por um lindo céu azul e cor de rosa, um céu Van Gogh...
Era uma vez uma outra menininha... o nome dela era Coraline. Coraline via o mundo de um modo um tanto peculiar... As paredes velhas da casa nova onde fora obrigada a morar mais lhe eram convidativas do que assustadoras... E isto por que, por mais que fossem estranhas, lhe pareciam algo diferente do mundo chato e monótono lá fora... onde meninas queriam luvas iguais, rosas, e meninos queriam ser advogados chatos. Estava bem consigo mesma, bem em ser a única "procuradora de passagens secretas" do seu próprio mundinho secreto, onde suas traquinagens, como pôr fogo em banheiros, eram as suas grandes aventuras.... Mas ela sabia que estava destinada a uma bem maior... só não sabia quando seria, e esperava paciente...
Um dia, Alice encontrou uma porta secreta em seu jardim...
Um dia, Coraline encontrou uma porta secreta em sua estranha e sombria casa...
Com ímpeto, Alice abriu-a e entrou, sem pensar duas vezes.
Com ímpeto, Coralie abriu-a e entrou, pensando uma vez.
As duas bateram a cabeça na testa uma da outra.
"Ai!" Gritaram.
Se olharam.
Estranharam.
"Quem é você?"
"Quem é você?!"
"Sou Alice."
"Sou Coraline."
Como meninas "educadas", responderam "prazer".
Perceberam-se então presas em um corredor apertado e escuro.
Porém mais a frente distinguiram um pedaço de luz e resolveram seguí-lo.
O ar lhes tomou de repente e, de meninas emburradas e chateadas, se tornaram
anjos, correndo para encontrar um jardim tão belo, mas tão belo, que nem
Michelangelo poderia tê-lo pintado!
Riram, se esparramaram pelas flores gigantes espalhadas entre a grama verde e vistosa, enquanto borboletas passavam e lhe sorriam, chamando-as de convidadas especiais.
Lá, não haviam terríveis pessoas com botões nos olhos, julgando-as por serem quem eram,
nem pessoas "iguais", que se julgavam superiores às outras.
Um grande e belíssimo pássaro dourado desceu e as levou em um passeio pelas montanhas de cristais, onde conheceram fadas e gnomos sorridentes, cada um mais diferente e especial que o outro.
A tarde passou como o vento passava pelos seus cabelos: furtiva e docemente agradável...
e a noite veio.
A lua as olhou feio, como uma mãe que repreende e avisa:
"Vocês tem que voltar, meninas..."
Sim, tinham.
Mas não queriam...
Mas não queriam...
Se tornaram então melhores amigas.
E prometeram voltar sempre que pudessem...
pela mesma porta aparentemente estranha e pequena....
Abraço... Adeus...
FIM SEM SER FIM.
Por quê a vida é assim, sem fins...
E elas sabiam que a porta estaria sempre ali...
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