sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Realidade remontada através de caixas.

Ei, psiu! Aí!
Se arranja, monta tudo, arranja tudo.
Levanta as caixas, leva embora.
Não interessa, só não deixa passar da hora!

E tão cedo aprendi, como tantas outras mil pessoas.
Que a vida passa, mas a dor perdura.

-Você precisa de ajuda?
- Para quê?
- Para remontar as caixas...
em outro lugar.
- Sim, mais do que preciso, mesmo que no caminho você ainda tenha a audácia de derrubá-las.

E se vão.
E no caminho, tudo está bem no início.
No meio, sem querer uma cai... e fica.
Depois, mais para frente, duas caem.
Ninguém mais sabe quem derrubou.
E importa?
Ao final, sobraram poquíssimas...

Tão poucas que parece ser inútil remontá-las nesse outro lugar,
mas ela insiste.
- Tá, valeu, brigada. Pode deixar que daqui eu me viro.
- Hum...tá. De nada.

E durante montagens e remontagens, são inúmeras as pessoas que aparecem oferecendo doce amizade...
Engraçado por que com o tempo todas elas vão virando apenas manchas, que corróem as caixas... e quase queimam sua pele... quase a torna vazia...
empty?

Talvez antes fosse.



Suar frio
de olhar vidrado
te vi mesmo
de cabeça pra baixo
quebra cabeça
tão bem remontado...

quebra-cabeça...
apenas sonho desvairado.

Uma realidade remontada
através de caixas.
Uma realidade remontada...
mas que jamais poderá ser descolada.

Acorda... acorda, menina.

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