sexta-feira, 27 de maio de 2011

A chuva e Joaquim.




Quando agente está meio que doente, a vida parece tão eletrônica...




Filmes, net, papos, tv...




nada muito orgânico, não.




Por isso que só dá vontade de sair... sair pelo mundo...




nos sentimos até inúteis.












-------------------------------------------------------------------------------------------------




Está chovendo. As gotas respingam nas janelas. Brincam e se jogam, umas contra as outras...








Menino olha pela janela, cortinas rosadas.








- Mamãe!




- Que foi?




- Vi olhos na chuva, mãe... Vi olhos na chuva!




- Meu filho, chuva não tem olhos... é mais fácil os olhos terem chuva! - ela ri, despreocupada, e continua a fazer sua arrumação pela sua mesa de escritório.




- Tá, mãe...tá...- diz o menino, com olhos arregalados de tanto medo. Evita olhar de novo pela janela, mas não resiste... algo lhe chama. Puxa a cortina, e ali estão eles... na chuva, parados, encarando-o, sorrindo... olhos sorriem? Sim, estes sim! Parecem olhos de mulher, com cílios imensos... mas não deixam de ser, de certa forma, assustadores...








- Joaquim? Vem aqui me ajudar, vem. Joaquim? - Mãe olha em volta.- Joaquim!








Procura ainda pela casa rapidamente, mas não o vê, até que resolve olhar pela janela...








Lá fora, Joaquim sente a chuva molhar sua pele, seus cabelos, sua roupa... nada mais existe, só a chuva e ele... De repente, se sente como que levado por algo... sim... os olhos... os grandes olhos da chuva o puxam para si...




A mãe de Joaquim sai de casa desesperada e grita:




- Devolva meu filho, chuva! Ele é só meu!








Porém a chuva não quer saber... quer um filho só para ela, e Joaquim lhe parece caber perfeitamente para isso... Ele é embalado em suas mãos de água fria... até que...




acorda e se percebe acima da terra e até... de sua mãe?








- Mãe! Mãe! Me tira daqui!








embaixo, sua mãe chora de braços estendidos para o céu.




Joaquim pede para a chuva deixá-lo ir... a chuva o olha com lágrimas e lhe diz:




- Joaquim, você foi o filho que eu jamais tive e nem terei... Te devolverei a Terra, mas sempre serás também o filho da chuva... e talvez um dia isso te sirva de algo...Adeus, filho querido...








Soltando-o na Terra, a chuva se despede daquele filho que tanto queria ter...












Joaquim cresce, se torna médico. Esquece do acontecido.




E a chuva se torna apenas uma memória fraca e indiferente...




Para que fantasia se existe a realidade da racionalidade, não é mesmo?












































































































































Nenhum comentário: