terça-feira, 27 de julho de 2010

O vento prateado e a menina teimosa.




A porta abre, frio traz... vento prateado, de longe que se vai.


"Vento, ô vento, para onde vai? Me espera, me leva!"

"Não, não," - diz o vento prateado- "Estou por demais ocupado, criando tornados em países muito mais temperados!"


Menina teimosa, segura-se em sua cauda. Com ele vai longe, looonge... tão longe que acaba se esquecendo de quem é. Se torna parte do vento, com ele toca como brisa o rosto de belas crianças, de belos jovens, de belos adultos, de felizes idosos em uma tarde de leve sol...
















Mas também com ele cria furacões, destrói casas, fazendas encantadoras, pessoas que não tiveram como escapar, lágrimas e gritos se somam ao vento prateado, que se torna preto.
Menina acaba se tornando preta também, nem mais se reconhece...








Vento porém se torna velho, cansado de tanto preto que carrega em suas costas... O céu o chama, dizendo que seu tempo de ser renovado e trocado chegou. Ele vai... e com ele a menina dentro.


O céu é por demais grandioso;menina percebe, olhando em cada fresta de luz e em cada alma reluzente existente ali...


De repente, chega um senhor perto dela... não é exatamente um senhor, mas também não é exatamente um jovem... Mas em seus olhos de imensa grandiosidade se nota intensa pureza e redenção. Menina se deixa mergulhar neles, e se percebe voltando a ser quem era, apenas uma menina feliz e curiosa sobre o mundo... Suas marcas de preto saem, e ela sorri para o espírito branco:


"Volte, menina, para sua casa, que seus pais lhe esperam..."


Pais? Já tinha quase esquecido deles... Mas de repente... Pá! A lembrança volta... Rostos sorridentes, carinho, amor, abraços, calor materno, segurança... longe da maldade do mundo...






Uma portinha se abre no céu, por onde ela divisa pela fresta aberta todas as sua lembranças com seus pais. Olha para o espírito, agradece, sorri com os olhos, chora com o coração, promete ser uma pessoa melhor com a mente... e o espírito a compreende. Se abraçam, e pela porta ela se vai, voando, até cair de repente em um enorme redemoinho de sensações, sentimentos e revivais de tempos que ela pensava jamais voltarem em sua vida...


Chega finalmente em casa, onde os pais a recebem como se jamais tivesse partido, mas mostrando o quanto sentem sua falta. Já mais velha, olhando pela janela, sente um leve vento tocar em seu rosto, brisa suave de um vento renovado e feliz... Sorri, mesmo sem saber mais exatamente o por que...























































































Nenhum comentário: