sábado, 25 de dezembro de 2010

O papai Noel vendedor de queijo.


Esse Natal está sendo uma revelação inversa de muitas coisas...
Fui para a praia. Amigo me acompanha. Barracas "Opanka". Caipirosca.
Vou pedir um queijo, descobri que só tenho mais dois reais e o queijo é dois e cinquenta.
Peço para o vendedor encarecidamente fazer por dois, já que estou pobre naquele dia...
Ele me olha sério e pergunta:
- Você respira?
Engulo seco. Sorriso amarelo e sem graça.

- Sim...

-Tá com saúde?

-Sim...- mais murcha ainda...

-Pode ver essa paisagem maravilhosa aqui a sua frente?

-Posso...- até pensei em sumir, mas não dava... Praia é praia né...

- Então você não é pobre, é rica... Só não está com muito dinheiro hoje.- Tá. Pensei que isso era assunto encerrado, um fora encerrado na verdade e voltei pra minha barraca, depois de mostrar pra ele onde ela ficava. Fiquei em dúvida se ele havia aceitado ou não, mas no final descobri que sim... Fiquei ali, pensando sobre o que ele havia dito. No começo considerei como um choque, como se estivesse me dizendo para ter vergonha de dizer aquilo... Mas entendi que ele só queria me trazer uma visão positiva de tudo, e achei isso muito especial, principalmente por ser já época e um dia de Natal... Voltei para onde ele estava, lhe agradeci pelo sermão e tudo o mais e ele me desejou um feliz natal, ao que respondi lhe desejando também um feliz ano novo... e sim, foi o queijo mais substancial que já comi em toda minha vida!

Mas não é que há pessoas singulares pelo mundo? Que fazem nós vermos nossos problemas por um prisma bem mais diferente... Afinal, o que são meus problemas diante do que é o mundo e suas dificuldades? E sim, eu posso ver, respirar, sentir, sorrir, chorar... mas pelo menos posso um certo... "tudo", não é? Mesmo que agora minhas visões estejam se tornando cada vez mais cinzas...


Mas enfim... Feliz Natal para todos!

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