terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O peixinho cor de rosa


No começo mal era um algo.Aliás,era um algo,mas nada demais.Apenas um peixinho cor de rosa de papel.Só lhe dava atenção na hora do ensaio.Até que puxaram a minha orelha e disseram:"se doe mais drica,você tem que entrar mais no personagem.Por quê não o leva para casa?"

Sim!Levá-lo para casa!Por quê não?


Fim de ensaio,mochila nas costas,peixinho cor de rosa na mão.Descobri,para começar,que como eu, o peixinho era um tanto inquieto: gostava de ficar dando voltas e voltas sobre o pátio do Cac,apenas pendurado pela varetinha que o sustentava. Descobri também que, segurando-o, uma parte minha voltava.Aquela parte criança mesmo sabe? De querer brincar com o brinquedinho novo e diferente, descobrindo suas mais diferentes funções.


Sobre o céu azul,o peixinho ficava belamente pintado,principalmente se refletido sobre alguma luz.Coloquei-o sobre os mais diversos cenários,desde o céu escuro até uma parede branca ou flores.Dei mil voltas com ele, rindo e me divertindo com uma coisa que antes me parecia tão simples...e inanimada.

E não é que o peixinho, a cada brincadeira minha,foi ganhando vida?Sim!Assim como eu,dentro do personagem!Ficamos realmente amigos...e de certa forma irmãos.Passei horas brincando com ele. Sua fala me veio um tanto cantante e animada. Me senti como Gepeto ouvindo Pinóquio pela primeira vez...com a diferença de que eu estava sendo o Gepeto e o Pinóquio ao mesmo tempo.Me falando e me ouvindo ao mesmo tempo.

Enfim,juntando as descobertas do dia a dia do treinar com meu amigo cor de rosa e com os ensaios,notei o quanto o acreditar é importante. O peixinho só será um simples papel se você não lhe dar os devidos créditos, não deixar sua imaginação voar junto com a beleza do personagem que ele é.Por quê,sim, ele é o peixinho mais simpático de todo o mundo, e ai de quem mexer com ele de modo mau!Hunf!


Hoje notei, mais do que nunca, que perto das crianças ele exerce mesmo um grande fascínio,mas os adultos também não escapam!

Mas eu sei que as crianças conseguem ir bem mais além muitas vezes,de primeira,sem barreiras, coisa de que me arrependo de não ter feito quando vi o peixinho pela primeira vez. Parece que elas conseguem já distinguir o belo movimento que ele faz com a cauda, e como ele deve ser solitário sendo um dos únicos da sua espécie a nadar pelo ar.Uma das crianças o chamou de "peixe sem aquário", o que me fez rir muito.


Mais do que tudo, o peixe cor de rosa me mostrou,principalmente, que dentro de todos nós existe mesmo esse algo fantasioso,esperando apenas uma brecha para desabrochar e entrar nesse mundo fantástico que é o da imaginação e criatividade.

Triste daqueles que não querem conhecê-lo...

e felizes daqueles que o fazem,mesmo muito tempo depois de já terem esquecido de sua existência...

Por isso...viva o peixinho cor de rosa e tudo o que ele representa!



Um comentário:

Álvaro Albuquerque disse...

Adorei tanto que deu vontade de escrever tb...

viva o peixinho, viva!
Vivo o peixinho!
Viva o peixinho, vivo!
Tá vivo o peixinho?
Viva o peixinho!

hahahaa
beijo, linda ;**